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Como voltar ao trabalho depois de um AVC: direitos e adaptações necessárias

Voltar ao trabalho depois de um AVC talvez seja assustador. O corpo pode estar diferente, e a mente também. Ainda assim, para muitas pessoas, retomar a rotina profissional significa muito mais do que cumprir tarefas: é reencontrar o propósito, a confiança e a independência. 2

Segundo informações da Stroke Association, o trabalho ajuda na recuperação emocional e cognitiva. Ele dá estrutura ao dia, motiva a manter hábitos saudáveis e fortalece a autoestima, desde que haja condições adequadas para enfrentar as demandas. 2

Esse retorno pode ser desafiador, mas também muito recompensador. Reintegrar-se ao mercado representa não só estabilidade financeira, mas também um resgate do senso de normalidade e propósito. 2

Entendendo os impactos do AVC na vida profissional 2, 4

As sequelas de um AVC variam muito de pessoa para pessoa. Algumas são visíveis, como dificuldades motoras. Outras são “invisíveis”, como cansaço extremo ou problemas de memória. Ainda assim, todas podem interferir diretamente no desempenho no trabalho. 2

A Stroke Association explica que os efeitos comuns incluem limitações físicas, fadiga persistente, dificuldades cognitivas (como concentração e raciocínio), afasia (problemas com linguagem), e alterações emocionais, como ansiedade ou depressão. 2

A National Stroke Association acrescenta que esses impactos físicos, cognitivos e emocionais podem comprometer a produtividade e a convivência no ambiente de trabalho. Reconhecer esses desafios é essencial para desenvolver estratégias de adaptação adequadas. 4

Planejamento e preparo para o retorno 2, 4

Antes de pensar em retomar o trabalho, é preciso avaliar se o corpo e a mente estão prontos para isso. Essa decisão deve envolver os profissionais de saúde, a família e, sempre que possível, o próprio empregador.

trabalho pós-AVC

De acordo com a Stroke Association, o retorno não precisa ser imediato nem total. Começar em meio período, fazer pausas mais longas e adaptar os horários pode tornar essa transição mais suave. 2

A National Stroke Association recomenda os seguintes passos:

  • Consulte sua equipe de saúde: Médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais avaliam a prontidão e sugerem o melhor momento para o retorno. 4
  • Comunique-se com o empregador: É fundamental discutir as limitações e necessidades com objetividade. Muitos empregadores se mostram abertos a ajustes. 4
  • Inicie aos poucos: Um retorno gradual ajuda a ganhar resistência, confiança e permite que ajustes sejam feitos ao longo do processo. 4

Além disso, cuidadores também exercem papel importante. Eles podem ajudar com transporte, tarefas do dia a dia e apoio emocional. A comunicação honesta sobre medos e expectativas facilita esse processo para todos os envolvidos. 4

Adaptações e acomodações no ambiente de trabalho1, 3, 4

Muitas pessoas que retornam ao trabalho após um AVC precisam de mudanças no ambiente ou nas tarefas. A boa notícia é que a legislação e as práticas modernas favorecem esse tipo de adaptação. 1

Alguns ajustes podem incluir:

  • Mais tempo para tarefas ou prazos mais flexíveis. 1
  • Alteração do horário de entrada para reduzir o cansaço. 1
  • Redução de jornada e pausas extras. 1
  • Trabalhar em ambientes mais silenciosos. 1

Um estudo do Finnish Institute of Occupational Health destaca a importância de acomodações cognitivas. Isso envolve ajuda de neuropsicólogos no planejamento e ajustes como divisão de tarefas e uso de tecnologia assistiva. 3

A National Stroke Association reforça a eficácia de algumas soluções:

  • Tecnologia assistiva: Programas de leitura de tela, teclados adaptados e softwares que convertem voz em texto. 4
  • Ajustes físicos: Reorganização do espaço e equipamentos ergonômicos. 4
  • Modificação de tarefas: Dividir grandes responsabilidades em etapas menores facilita a execução. 4

Essas estratégias aumentam não só a produtividade, mas também a sensação de pertencimento no trabalho. 4

Direitos do trabalhador que sofreu AVC 1, 2

No Brasil, a legislação garante proteção e apoio para quem sofreu AVC e apresenta limitações para o trabalho. A reabilitação profissional é um direito assegurado pela Lei nº 8.213/1991 e pelo Decreto nº 3.048/1999, sem exigência de tempo mínimo de contribuição. 1

trabalho pós-AVC

Essa reabilitação oferece cursos, treinamentos e orientações para que a pessoa possa retornar ao mercado com funções compatíveis. Ao final, o INSS emite um certificado que facilita a contratação, especialmente em empresas que seguem a Lei de Cotas. 1

Para efeito de comparação, no Reino Unido, a Lei da Igualdade de 2010 protege inclusive quem tem sequelas invisíveis, como dificuldades emocionais e cognitivas. Isso mostra a importância de considerar ajustes mesmo quando não há sinais físicos aparentes. 2

Ambos os modelos destacam a necessidade de garantir igualdade de oportunidades para todos os trabalhadores. 2

O papel da reabilitação profissional 1, 3, 4

A reabilitação profissional do INSS reúne uma equipe multidisciplinar com foco em ajudar o trabalhador a reconstruir sua carreira após um AVC. Cada plano é individualizado, considerando as capacidades e interesses da pessoa. 1

Segundo o site do INSS, essa equipe pode envolver:

  • Terapia Ocupacional: Melhora habilidades e adapta tarefas. 1
  • Fisioterapia: Recupera a mobilidade e reduz dores. 1
  • Psicologia: Ajuda na adaptação emocional. 1
  • Serviço Social: Identifica recursos e apoios necessários. 1
  • Pedagogia: Oferece cursos e requalificação. 1

Além disso, o programa cobre despesas com transporte e alimentação durante o processo. 1

Essa estrutura é muito importante, como mostram estudos como o do Finnish Institute of Occupational Health, que indicam maiores chances de sucesso no caso de intervenções estruturadas. Entrevistas com pacientes e empregadores mostram que apoio técnico e emocional contínuo facilita muito o retorno. 3

A National Stroke Association também destaca o papel do coaching e da mentoria no ambiente de trabalho para garantir a permanência e o bem-estar. 4

Quando mudar de rota: novas funções, voluntariado ou aposentadoria 2, 4

Nem sempre voltar ao mesmo tipo de trabalho é o melhor caminho. Em alguns casos, o AVC pode ser uma oportunidade de redirecionar a vida profissional.

A Stroke Association relata que muitas pessoas buscam novas carreiras ou se engajam no voluntariado. Atividades como essas ajudam a manter a mente ativa, reconectar-se com outras pessoas e recuperar a autoconfiança. 2

Se a decisão for pela aposentadoria, isso também pode ser positivo. O mais importante é continuar encontrando significado nas atividades do dia a dia. 2

Como explica a National Stroke Association, cada pequena conquista deve ser valorizada. Retomar o controle da própria história é, por si só, um grande passo. 4

Retornar é possível com apoio, informação e tempo 2, 4

O caminho de volta ao trabalho após um AVC exige paciência, apoio e autoconhecimento. Pode ser difícil no começo, mesmo que a pessoa se sinta preparada. Tarefas simples podem parecer mais difíceis, e os dias podem exigir mais energia. 2

Manter uma comunicação transparente com o empregador, valorizar cada progresso e buscar ajuda quando necessário faz toda a diferença. 2

A National Stroke Association resume bem: cada passo adiante, por menor que pareça, é uma vitória que merece ser celebrada. 4


Referências

1- MADM Consultoria. Reingressar no mercado de trabalho: Caminhos e desafios. 2024. Link: https://madmconsultoria.com.br/reingressar-no-mercado-de-trabalho-caminhos-e-desafios/. Acesso em Jul. 2025.

2- Stroke Association. A complete guide to work and stroke. 2024. Link: https://www.stroke.org.uk/stroke/life-after/getting-back-work. Acesso em Jul. 2025.

3- Finnish Institute of Occupational Health. Job accommodation to support returning to work after a stroke. 2023. Link: https://www.ttl.fi/en/research/projects/job-accommodation-to-support-returning-to-work-after-a-stroke. Acesso em Jul. 2025.

4- The Stroke Foundation. Reintegrating into the workforce after a stroke: A guide for survivors and caregivers. 2024. Link: https://thestrokefoundation.org/reintegrating-into-the-workforce-after-a-stroke-a-guide-for-survivors-and-caregivers/. Acesso em Jul. 2025.


Ago/25 | ALLSC-BR-000634

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