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Como o cuidador pode ajudar no manejo da espasticidade no dia a dia

Depois de um AVC (acidente vascular cerebral), muitas pessoas ficam com os músculos enrijecidos, condição conhecida como “espasticidade”. Isso acontece porque o cérebro sofreu uma lesão e perdeu parte do controle sobre os músculos. A pessoa passa a ter dificuldade para se movimentar e fazer tarefas simples do dia a dia, como se vestir ou segurar um copo. É o que mostra estudo do Instituto Politécnico de Bragança, ao explicar como a rigidez muscular dificulta essas ações 1. Nesse período, é fundamental que o cuidador tenha conhecimentos para lidar com a espasticidade, que pode surgir em decorrência do AVC.

Com o aumento da população idosa no mundo e do número de pessoas que precisam de cuidados, o papel do cuidador se tornou ainda mais importante. Entre outros pontos, cuidar da pessoa em casa permite que ela fique com a família, tenha menos riscos de complicações e precise de menos tempo no hospital 2.

Sendo a espasticidade um dos maiores complicadores no quadro das pessoas que sofrem AVC, entender como lidar com ela é essencial para que cuidador ou cuidadora possa ajudar no dia a dia e dar mais qualidade de vida à pessoa cuidada 2.

O que é espasticidade pós-AVC?  1, 4

A espasticidade aparece em cerca de dois a cada três pacientes depois do AVC. Ela deixa os músculos duros e, se não for tratada, pode causar deformações e atrapalhar os movimentos. Isso tudo prejudica bastante o dia a dia da pessoa 1.

O AVC pode ser causado por entupimento ou rompimento dos vasos do cérebro. Isso afeta a parte do corpo controlada por aquela região, provocando fraqueza, rigidez, dificuldade para falar, se mexer e realizar outras ações. 4.

A rigidez afeta principalmente os braços, dificultando atividades como comer ou se pentear. Os problemas motores aparecem em cerca de 80% dos casos e impactam bastante a vida social e familiar 4.

Desafios enfrentados pelos cuidadores 1, 2

Cuidar de alguém com espasticidade não é fácil. O cuidador precisa lidar com a limitação dos movimentos da pessoa, que pode piorar se ela perder força na perna ou no braço 1.

Além disso, o cuidador também enfrenta cansaço, estresse e emoções como tristeza, raiva ou medo. Muitas vezes, é uma pessoa da família que não tem preparo para essa tarefa e ainda precisa cuidar da casa, dos filhos, do trabalho. Essa rotina desgastante pode prejudicar não só o cuidador, mas também o paciente 2.

Reconhecer esses desafios é o primeiro passo para buscar ajuda e melhorar o cuidado no dia a dia 2.

A importância do posicionamento adequado 1, 3

Quando estamos falando de pacientes que precisam ficar muito tempo acamados ou sentados, deixar a pessoa bem posicionada ajuda a evitar que os músculos fiquem ainda mais rígidos 1.

Veja algumas orientações simples de posicionamentos 3:

  • Deitada de costas: Apoiar o braço e o joelho com travesseiros. Os pés devem ficar retos, apoiados em algo para não caírem para baixo 3.
  • Deitada sobre o lado afetado: Ter cuidado com o ombro e manter a perna levemente dobrada, com apoio 3.
  • Deitada sobre o lado bom: Apoiar o braço e a perna afetados com travesseiros para manter a postura correta 3.

Quando sentada, a pessoa deve ficar com a coluna reta, os braços sobre um travesseiro e os pés bem apoiados no chão. É importante mudar a posição a cada 2 horas quando estiver deitada e a cada 30 minutos quando sentada 3.

Esses cuidados simples ajudam a evitar dor, feridas na pele e deformações no corpo 3.

Exercícios e mobilização no domicílio 1, 3, 4

Fazer exercícios todos os dias ajuda a melhorar os movimentos e evitar que os músculos fiquem mais rígidos. Os movimentos devem ser repetidos de duas a três vezes por dia, respeitando os limites da pessoa 1.

Alguns exercícios fáceis:

  • Braços para cima e para baixo: Deitada, entrelace os dedos e leve os braços para cima e depois para baixo 3.
  • Braços para os lados: Leve os braços para a direita e depois para a esquerda, mantendo os cotovelos esticados 3.
  • Dobrar e esticar os joelhos: Flexione e estique um joelho por vez, sem tirar o calcanhar da cama 3.
  • Abrir as pernas: Deitada, abra e feche as pernas com os joelhos esticados 3.

Esses exercícios ajudam, mas não substituem o acompanhamento de um fisioterapeuta. Só esse profissional pode montar um plano adequado e seguro para cada paciente 4.

Estimulação sensorial e reforço positivo 2, 3

Usar diferentes objetos para tocar o lado afetado ajuda muito na recuperação. Usar buchas, algodão, velcro ou até o toque das mãos durante o banho pode ativar os sentidos e melhorar os movimentos 3.

Além disso, é importante que a pessoa use o lado afetado sempre que possível. Mesmo que ela demore ou precise de ajuda, isso ajuda na recuperação. Manter esse lado do corpo parado só piora o quadro com o tempo 3.

Outro ponto importante é o incentivo. Converse, faça elogios e respeite os limites. Estimule a pessoa a participar de tarefas simples e de momentos com a família. Isso melhora o humor e a autoestima 2.

Cuidados com a alimentação e disfagia 1, 2

Depois do AVC, muitas pessoas têm dificuldade para engolir, o que pode causar engasgos. Avaliações médicas ajudam a entender o grau do problema 1.

O cuidador pode ajudar com essas dicas:

  • Ofereça pequenas porções, 5 a 6 vezes por dia 2;
  • Dê líquidos entre as refeições e em pouca quantidade 2;
  • Prefira alimentos pastosos como mingaus e purês 2;
  • Evite alimentos secos, como farofa e bolacha 2;
  • Não alimente a pessoa deitada. Ela deve estar sempre sentada ou reclinada com apoio 2.

Essas orientações tornam as refeições mais seguras e agradáveis 2.

Adaptações no ambiente domiciliar 3

Quedas são comuns após o AVC. O motivo normalmente são que o paciente perde equilíbrio e pelo fato de a casa pode estar adaptada. Por isso, algumas mudanças são importantes 3:

  • Tire tapetes e passadeiras 3;
  • Coloque barras de apoio no banheiro 3;
  • Use sapatos com sola antiderrapante, que não saem do pé 3;
  • Ilumine bem os cômodos, inclusive à noite 3;
  • Use fitas coloridas no chão para ajudar na orientação espacial 3;
  • Coloque tapete antiderrapante no banheiro para evitar escorregões 3.

Essas medidas simples evitam acidentes e trazem mais segurança no dia a dia 3.

A importância do suporte emocional ao cuidador 2

Quem cuida também precisa se cuidar. A cuidadora e o cuidador precisam descansar, se divertir e buscar ajuda quando necessário. Caminhar, ler, conversar, fazer atividades manuais ajudam a aliviar o estresse 2.

É importante contar com apoio da família, amigos e, se possível, participar de grupos de cuidadores. Nesses grupos, as pessoas trocam experiências, aprendem juntas e percebem que não estão sozinhas 2.

Cuidar é um ato de amor, e não deve ser feito com sofrimento. O bem-estar do cuidador é essencial para o bem-estar de quem está sendo cuidado 2.

Conclusão 2

O cuidador tem um papel essencial na recuperação de quem teve AVC com espasticidade. Sua ajuda no dia a dia faz diferença na saúde física e emocional da pessoa cuidada 2.

Buscar orientação de profissionais, participar de grupos e dividir as tarefas com a família são passos importantes. O cuidado precisa ser planejado e compartilhado 2.

Compartilhe este conteúdo com outras pessoas que cuidam de alguém com AVC. Juntos, podemos aprender mais e cuidar melhor 2.

 


 

Referências

1 – Instituto Politécnico de Bragança. Rui Miguel Morais Ribeiro. 2023. Link: https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/29430/1/Rui%20Miguel%20Morais%20Ribeiro.pdf. Acesso em Abr. 2025.

2 – Ministério da Saúde. Guia prático do cuidador. 2008. Link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf. Acesso em Abr. 2025.

3 – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Manual de orientações pós-AVC – HC-UFU. 2022. Link: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hc-ufu/saude/guia-de-orientacoes/manual-de-orientacoes-pos-avc. Acesso em Abr. 2025.

4 – Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). Conhecimento dos agentes comunitários de saúde acerca do acidente vascular cerebral no município de Colônia do Gurgueia – PI. 2022. Link: https://ares.unasus.gov.br/acervo/bitstream/ARES/12010/1/TCC-%20COL%20GURGUEIA-5.pdf. Acesso em Abr. 2025.

 


 

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