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Anticoncepcionais podem causar AVC? Entenda os riscos e saiba como se proteger

O uso de anticoncepcionais hormonais pode aumentar o risco de AVC isquêmico em mulheres cis e homens trans; saiba o que mostram os estudos e como reduzir os riscos

Os anticoncepcionais hormonais são muito usados no mundo todo, por mulheres cis e homens trans. Eles ajudam a evitar a gravidez e também são indicados para tratar problemas como cólicas fortes e irregularidades menstruais. Apesar de seus benefícios, há um debate importante sobre os riscos que eles podem trazer para a saúde, principalmente em relação ao AVC isquêmico. 1

Alguns anticoncepcionais contêm uma substância chamada etinilestradiol, que é uma forma de estrogênio sintético. Estudos mostram que essa substância pode mudar a forma como o sangue forma coágulos. Isso acontece porque ela aumenta a produção de substâncias que fazem o sangue coagular e diminui aquelas que evitam a coagulação. Essas alterações aumentam as chances de ocorrer um coágulo que pode bloquear o fluxo de sangue no cérebro, causando um AVC isquêmico. 1

Outros estudos confirmam que o estrogênio pode afetar os vasos sanguíneos e deixar o sangue mais propenso a formar coágulos. Isso faz com que aumente o risco de problemas sérios, como a trombose e o AVC isquêmico. 2

O que são anticoncepcionais hormonais?

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Os anticoncepcionais hormonais são remédios usados para impedir a gravidez. Eles funcionam porque contêm hormônios parecidos com os que o corpo produz naturalmente. Os principais são o estrogênio e a progesterona, que agem juntos para evitar que o óvulo seja liberado pelos ovários. 2

A progesterona muda o revestimento do útero, tornando-o menos receptivo ao óvulo. Já o estrogênio bloqueia a liberação de um hormônio chamado FSH, que normalmente ajudaria o útero a se preparar para uma possível gravidez. Com essa ação combinada, fica muito difícil que ocorra a fecundação. 2

A forma mais comum desses anticoncepcionais é a pílula, mas também existem versões injetáveis, adesivos e anéis vaginais. As pílulas mais usadas hoje em dia têm entre 30 e 35 microgramas de etinilestradiol (uma forma de estrogênio sintético) e uma progestina (tipo de progesterona), como o levonorgestrel. Nessa combinação, a progestina é a principal responsável por impedir a gravidez, enquanto o estrogênio ajuda a manter o ciclo menstrual mais regular e a reduzir o sangramento fora de hora. 3

O que é um AVC e quais são seus tipos?

AVC é a sigla para acidente vascular cerebral, também conhecido como derrame. Ele acontece quando o sangue não consegue chegar a uma parte do cérebro. Isso pode acontecer de duas formas:

  • Quando um coágulo entope um vaso sanguíneo no cérebro. Esse tipo é chamado AVC isquêmico e é o mais comum.
  • Quando um vaso se rompe, causando sangramento dentro do cérebro. Esse é o AVC hemorrágico.

O AVC isquêmico é responsável por cerca de 85% dos casos no mundo todo. 3

Embora a maioria dos AVCs aconteça em pessoas mais velhas, estudos mostram que esse tipo de problema está aumentando entre mulheres mais jovens, especialmente antes da menopausa. Isso tem chamado a atenção de especialistas, já que muitas dessas mulheres estão na fase de uso de anticoncepcionais hormonais. 1

Como os anticoncepcionais podem influenciar no risco de AVC?

O estrogênio sintético presente nos anticoncepcionais, chamado etinilestradiol, pode deixar o sangue mais “grosso”, ou seja, mais propenso a formar coágulos. Ele faz isso ao aumentar substâncias que promovem a coagulação e ao reduzir proteínas naturais que evitam que o sangue coagule demais. Essa combinação cria um ambiente ideal para a formação de trombos (coágulos que se formam dentro dos vasos sanguíneos). 2

Quando um coágulo se forma dentro de um vaso sanguíneo no cérebro, ele pode impedir o sangue de circular, provocando um AVC isquêmico. Esse risco fica ainda maior quando o organismo já tem alguma tendência a formar coágulos. 2

Além disso, esses hormônios podem alterar as células que revestem os vasos sanguíneos, chamadas de endotélio. Essas mudanças também ajudam na formação dos coágulos e aumentam o risco de obstrução nos vasos do cérebro. 3

O que dizem os estudos sobre a relação entre anticoncepcionais e AVC?

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  • Um estudo que reuniu várias pesquisas (metanálise) mostrou que mulheres entre 18 e 50 anos que usavam pílulas com estrogênio tinham 1,7 vezes mais risco de sofrer um AVC isquêmico do que as mulheres que não usavam. 1
  • Em outro estudo, mulheres com doenças como pressão alta ou diabetes que usavam anticoncepcional tinham um risco quatro vezes maior de ter AVC, em comparação com quem não usava. 1
  • A quantidade de estrogênio também faz diferença. Pílulas com doses maiores desse hormônio aumentam mais o risco. As com 20 microgramas têm menor risco. Já as com 30 a 49 microgramas aumentam o risco em até duas vezes, e as com 50 microgramas ou mais podem aumentar o risco em até 2,4 vezes. 1
  • Anticoncepcionais com progestinas de terceira geração, como o desogestrel e o gestodeno, são associados a maior risco de trombose venosa do que os de segunda geração, como o levonorgestrel. Também pode haver um aumento do risco de AVC arterial, embora os dados sobre isso ainda não sejam totalmente conclusivos. 3
  • Mulheres cis ou homens trans que fumam ou que têm trombofilia hereditária (condição que aumenta a chance de formar coágulos) têm risco ainda maior de trombose ou AVC ao usar anticoncepcionais. 1
  • Além disso, o estrogênio e a progesterona aumentam os fatores que promovem a coagulação e diminuem as proteínas que a impedem. Isso causa um desequilíbrio que favorece a formação de trombos, especialmente em pessoas com histórico familiar, doenças crônicas ou estilo de vida inadequado. 2

Fatores que aumentam os riscos

  • Fumar: o cigarro faz com que as plaquetas (parte do sangue responsável pela coagulação) fiquem mais ativas. Isso facilita a formação de coágulos que podem causar AVC. 1
  • Pressão alta, colesterol alto e diabetes: esses problemas de saúde aumentam bastante o risco de AVC em pessoas que usam anticoncepcionais. 1
  • Combinação de doenças e estilo de vida: mulheres cis e homens trans com doenças como diabetes ou pressão alta, que também fumam ou não têm acompanhamento médico adequado, estão mais propensas a ter problemas cardiovasculares, como AVC, infarto ou trombose. 2

Há diferenças entre os tipos de anticoncepcionais?

Sim. Nem todo anticoncepcional tem o mesmo nível de risco. Pílulas com doses maiores de estrogênio (acima de 50 microgramas) são mais perigosas e aumentam mais as chances de trombose e AVC. 1

As pílulas com 20 microgramas de estrogênio têm menor risco do que as com 30 ou 40 microgramas. 1

Além disso, o tipo de progesterona usada na fórmula também influencia. Anticoncepcionais com levonorgestrel, que é de segunda geração, têm 50% menos risco de causar embolia pulmonar do que os que usam progestinas de terceira geração, como desogestrel ou gestodeno. 1

Um estudo realizado em São Paulo também mostrou que os anticoncepcionais de terceira geração apresentaram risco maior para o desenvolvimento de trombose quando comparados aos de segunda geração. 2

Como reduzir os riscos: o que avaliar antes de usar?

Antes de começar a usar um anticoncepcional, é essencial passar por uma avaliação médica detalhada. O profissional de saúde deve investigar o histórico familiar, estilo de vida, doenças pré-existentes e possíveis condições que aumentem o risco de formação de coágulos. 2

Mulheres com enxaqueca com aura, pressão alta, tabagismo ou trombofilia precisam de cuidado redobrado. Nesses casos, pode ser necessário evitar o uso de anticoncepcionais combinados, que contêm estrogênio e progesterona. 3

Conclusão

Estudos mostram que o uso de anticoncepcionais com estrogênio pode aumentar o risco de AVC isquêmico, especialmente em mulheres com problemas de saúde ou fatores de risco. O etinilestradiol interfere no sistema de coagulação e nos vasos sanguíneos, criando condições para a formação de coágulos. Por isso, os profissionais de saúde devem estar atentos ao histórico e às comorbidades da paciente antes de indicar esses métodos. 1

A combinação de hormônios presentes nesses medicamentos causa mudanças no sangue e nos vasos, o que, com o tempo ou em conjunto com outros fatores, pode levar a problemas cardiovasculares, como trombose e AVC. 2

Mesmo assim, os anticoncepcionais são considerados seguros para a maioria das mulheres cis e homens trans jovens e saudáveis. O mais importante é fazer uma avaliação individualizada com o médico, para garantir que o método seja seguro para cada caso. 3


Referências

1‑ Revista FOCO. Formulação e análise físico‑química de um hidromel sabor de jenipapo. 2023. Link: https://ojs.focopublicacoes.com.br/foco/article/view/5711/4133. Acesso em Nov. 2025
2‑ Universidade São Francisco. Doenças cardiovasculares relacionadas ao uso de anticoncepcionais. 2022. Link: https://www.usf.edu.br/galeria/getImage/768/1896151635744746.pdf. Acesso em Nov. 2025
3‑ Uppsala University. Oral contraceptives and hormone therapy increase the risk of stroke. 2022. Link: https://www.uu.se/en/press/press-releases/2022/2022-06-28-oral-contraceptives-and-hormone-therapy-increase-the-risk-of-stroke. Acesso em Nov. 2025


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