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A espasticidade é uma disfunção motora que afeta pacientes de AVC, e pode surgir em até três meses após a alta hospitalar. Junto com outros sintomas, torna-se uma grande limitação para os pacientes, com potencial para dificultar muitas atividades cotidianas como: mobilidade, alimentação, higiene pessoal, entre outras 1 e 4.
Neste texto, vamos discutir as características centrais relacionada ao quadro clínico, bem como suas principais decorrências na vida de pacientes pós acidente vascular cerebral (AVC).
Tecnicamente falando, a espasticidade é um quadro decorrente de um déficit neurológico e pode estar associada ao acidente vascular cerebral isquêmico 1.
Quando a espasticidade não é detectada e tratada precocemente, os pacientes podem desenvolver contraturas que levam a deformidades fixas das extremidades dos membros, inviabilizando o movimento 3.
Cada membro afetado traz consequências distintas para os pacientes. Confira, abaixo, as consequências do quadro para cada membro atingindo 3:
Não existe um tratamento de cura para a espasticidade, mas há uma série de tratamentos que buscam adequar o tônus muscular às necessidades de cada paciente. Vale destacar que esse processo precisa fazer parte de um programa de reabilitação que tenha como meta a diminuição da incapacidade do indivíduo e sua evolução funcional 4.
Alguns recursos utilizados no tratamento são: cinesioterapia, mecanoterapia, mobilização articular, estimulação elétrica funcional, hidroterapia, medicina física (crioterapia, termoterapia, eletroterapia), biofeedback, equoterapia, uso de órteses para um posicionamento adequado e medicamentos para redução do tônus muscular 4.
Medicamentos que promovem relaxamento muscular são uma alternativa e para seu uso é preciso ponderar a relação custo/benefício frente a efeitos colaterais, interações medicamentosas e praticidade no uso. Outras possibilidades são bloqueios químicos com fenol e/ou toxina botulínica, além de procedimentos cirúrgicos no sistema nervoso ou sistema musculoesquelético 4.
Além desses pontos, podem ser utilizados tratamentos para melhoria de áreas específicas da vida do paciente, caso da reabilitação da sexualidade. Isso é importante porque as alterações físicas e cognitivas pós AVC, combinadas com as limitações físicas e cognitivas, muitas vezes significam o fim da intimidade e da sexualidade. Nesses casos, a reabilitação da sexualidade após acidente após AVC torna-se uma necessidade. 5
Vale lembrarmos que nem sempre a espasticidade precisa ser tratada, sendo que muitos pacientes a utilizam inclusive como auxílio da sua função motora. Isso acontece porque, quando sob controle, a espasticidade tem como benefícios prevenir a atrofia muscular intensa, além de diminuir a perda de massa óssea e o edema 4.
Outros benefícios que podem ser trazidos pelo aumento do tônus muscular são uma maior estabilização articular, melhora na postura, mudanças de decúbito e transferências. Por esses motivos, a espasticidade deve ser modulada e não totalmente eliminada 4.
O tratamento é necessário quando há um impacto negativo na qualidade de vida do paciente1. Exemplo de sintomas que prejudicam o dia a dia são dores, dificuldade para caminhar, dificuldade de sentar e de postura, dificuldade com cuidados e higiene, dificuldade em sentar na cadeira de rodas ou deitar na cama, úlceras de pressão etc. 4
Outra questão que pode indicar a necessidade de tratamento é para evitar a piora na qualidade de vida do paciente. Isso porque as pessoas podem apresentar contraturas musculares, espasmos, alterações na pele, dor e rigidez das articulações, fazendo com que o indivíduo apresente restrição da amplitude de movimento, e impossibilitando a movimentação dos segmentos 6.
Se a situação de imobilidade persiste e for associada com a falta de tratamento adequado, com o tempo, podem surgir deformidades, úlceras e dor. Como consequência, o paciente terá aumento nas limitações, com redução da funcionalidade e dificuldade de realizar atividades de vida diária, impactando inclusive em aspectos de participação 6.
Vale destacar ainda que a avaliação sobre quando é preciso tratar e a escolha dos tratamentos disponíveis cabe a um profissional de saúde 6.
1- Utilização da Toxina Botulínica no Tratamento de Pacientes com Sequelas do Acidente Vascular Cerebral – AVC. Revista Foco, 16(11), e3680. https://doi.org/10.54751/revistafoco.v16n11-161
2- Espasticidade: atualização sobre fisiopatologia e tratamento. 2024. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina) – Faculdade de Ciências da Saúde. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.6/13464. Acesso em: 09 set. 2024.
3- Spasticity in adults; management using botulinum toxin. National guidelines 2018. https://www.acpin.net/pdfs/NG_Spasticity_in_adults_final.pdf Acesso em set. 2024.
4- GUIA de doenças e sintomas: espasticidade no adulto. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/espasticidade-no-adulto. Acesso em: 09 set. 2024.
5- Reabilitação da sexualidade após acidente vascular cerebral. Rev Nursing. 2008;234:45-56. Disponível em: https://forumenfermagem.org/site/reabilitacao-da-sexualidade-apos-acidente-vascular-cerebral/. Acesso em set. 2024.
6- Preditores de espasticidade pós-AVC: uma revisão de literatura. 2023. 22 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2023. Disponível em https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/37487. Acesso em set. 2024.
Out/24 | ALLSC-BR-000452
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