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Segundo revisão de literatura publicada na Healthcare, o AVC é a segunda principal causa de morte no mundo e a principal causa de incapacidade entre adultos. Com o envelhecimento da população, é esperado um aumento expressivo no número de pacientes nas próximas décadas. A maioria dessas pessoas vai precisar de algum tipo de cuidado para realizar atividades básicas do dia a dia, como higiene e alimentação, especialmente após a alta hospitalar, quando se tornam dependentes de apoio informal da família. 1
Conforme o estudo citado acima, os cuidadores informais, na maioria mulheres, apresentam altos níveis de estresse, ansiedade e sintomas depressivos. Cerca de 40% relatam esses sinais ao longo da jornada de cuidado. Como esse papel ainda é fortemente associado ao feminino, acaba perpetuando a divisão desigual das tarefas. A pesquisa de Ferreira e Lemos também mostra que muitos homens só assumem o cuidado por falta de alternativas, sendo minoria entre os cuidadores formais e informais. 1, 3
Os efeitos do AVC são parecidos com os de doenças crônicas, uma vez que muitas das limitações não regridem. Assim, é normal que os pacientes dependam de outras pessoas para tarefas simples, como se locomover, se alimentar ou tomar banho. Esse apoio constante é essencial para a recuperação. Estudos mostram que a qualidade do cuidado recebido influencia diretamente na evolução do paciente. 2, 3
Embora sejam minoria entre os cuidadores de AVC, os homens muitas vezes assumem esse papel por obrigação familiar ou como resposta ao que consideram uma dívida de gratidão. Pesquisas mostram que o sentimento de dever aparece com força, especialmente entre maridos e filhos. A falta de rede de apoio reforça essa sensação de que não há escolha possível, o que amplia o peso emocional da tarefa. Alguns homens expressam esse compromisso como parte de uma retribuição, mas mesmo nesses casos o isolamento e a sobrecarga são comuns. 2,3
O modelo tradicional de masculinidade é um dos principais motivos que afasta os homens de assumirem seu papel de cuidadores. Cuidar ainda é visto como algo feminino, o que gera constrangimento e insegurança entre homens. Isso leva a um isolamento social ainda maior, agravado pela falta de preparo técnico e emocional. 2,3
Alguns pontos reforçam as dificuldades:
Homens que relatam cuidar “por obrigação” costumam apresentar níveis mais altos de estresse, ansiedade e sintomas depressivos. A privação de tempo livre, o abandono da vida profissional e o descuido com a própria saúde são frequentes. Por outro lado, quando afirmam que o cuidado é movido pela “reciprocidade”, há relatos de maior bem-estar e sentido emocional. Em ambos os casos, a falta de tempo para si mesmos é uma queixa recorrente. Muitos relatam adoecimento físico e mental como consequência da rotina intensa de cuidado. 1, 2, 3
Para aliviar esse fardo, a pesquisa de Ferreira e Lemos destacou o papel fundamental de ambulatórios voltados para cuidadores. Esses espaços oferecem suporte emocional, orientação técnica e acolhimento. Para muitos homens, é o único espaço onde conseguem falar sobre suas dificuldades e cuidar também de si. Políticas públicas devem priorizar esse tipo de acolhimento e incluir os homens em programas de autocuidado e saúde mental. 2
A equidade no cuidado é uma questão de justiça social e saúde pública. A inclusão dos homens alivia a sobrecarga das mulheres e fortalece os vínculos familiares. Quando os homens se sentem acolhidos e preparados, o cuidado deixa de ser um fardo e passa a ser um ato transformador. Cuidar não é um papel de gênero: é um ato humano, compartilhável e potente. 3
É urgente promover uma mudança cultural que integre os homens de forma ativa e igualitária nos cuidados com pacientes de AVC. Isso significa desconstruir estigmas, ampliar o apoio institucional e criar políticas públicas que incluam todos os cuidadores. Homens têm um papel essencial na construção de uma cultura de cuidado mais justa e solidária. É tempo de agir. 1, 2, 3
1- Tziaka, E. et al. (2024). A Holistic Approach to Expressing the Burden of Caregivers for Stroke Survivors: A Systematic Review. Healthcare. https://doi.org/10.3390/healthcare12050565
2- Ferreira, L. M., & Lemos, N. de F. D. (2022). A dualidade na experiência do cuidado: homens cuidadores de idosos familiares e suas narrativas. Revista Kairós-Gerontologia, 25(1), 151-167. http://dx.doi.org/10.23925/2176-901X.2022v25i1p151-167
3- Moherdaui, J. H., Fernandes, C. L. C., & Soares, K. G. (2019). O que leva homens a se tornar cuidadores informais: um estudo qualitativo. Rev Bras Med Fam Comunidade, 14(41), 1907. https://doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1907
Mai/25 | ALLSC-BR-000574
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