Blog / O papel da terapia ocupacional na retomada da independência pós-AVC

O papel da terapia ocupacional na retomada da independência pós-AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) representa uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Apenas em 2019, ocorreram mais de 12 milhões de casos de AVC no mundo e mais de 6 milhões de mortes. No Brasil, entre 2019 e 2020, mais de 200 mil pessoas perderam a vida por conta dessa condição. 2

Além do risco de morte, o AVC pode deixar sequelas significativas. Muitas pessoas acometidas enfrentam dificuldades físicas, cognitivas e emocionais, o que impacta diretamente sua autonomia e qualidade de vida. 2

Diante dessas limitações, a terapia ocupacional surge como uma das abordagens fundamentais na reabilitação pós-AVC. Com foco na funcionalidade e no resgate da independência, esse campo profissional atua para restabelecer as habilidades que o indivíduo precisa no dia a dia. 2

A importância da reabilitação precoce e integral 3

A reabilitação precoce consiste em iniciar os cuidados assim que o paciente apresenta condições clínicas estáveis. Essa intervenção imediata tem papel decisivo para minimizar sequelas e acelerar o retorno das funções afetadas. 3

Terapia ocupacional e AVC

Quanto mais cedo se inicia o tratamento, maior a chance de recuperar a autonomia. A atuação rápida da equipe de reabilitação, incluindo o terapeuta ocupacional, permite reduzir déficits sensoriais, motores e cognitivos. Isso favorece a neuroplasticidade e melhora a qualidade de vida do paciente. 3

A terapia ocupacional participa de todo o processo, desde a internação hospitalar até o retorno à casa. A presença desse profissional desde o início ajuda a prevenir complicações, contribui para a aceitação das novas condições de vida e favorece uma recuperação mais completa. 3

Além disso, esse cuidado contínuo orienta familiares e cuidadores, preparando-os para dar suporte adequado após a alta. Dessa forma, a reabilitação precoce torna-se uma ponte para o resgate da autonomia e da dignidade das pessoas que sofreram AVC.3

Como a terapia ocupacional atua na recuperação da independência funcional 1, 2, 3

A terapia ocupacional concentra-se na recuperação das atividades de vida diária (AVDs), como alimentar-se, vestir-se e tomar banho, e das atividades instrumentais de vida diária (AIVDs), como preparar refeições, cuidar da casa e usar transporte. 2, 3

As intervenções da terapia ocupacional aumentam a independência funcional. Os resultados permanecem mesmo após o fim da terapia. Isso ocorre porque as estratégias são baseadas em tarefas reais, com metas claras, e buscam promover a recuperação motora, cognitiva e perceptiva. 2, 3

Entre as práticas mais eficazes, destacam-se:

  • Treino específico de tarefas, como atividades cotidianas, que promove ganhos mais rápidos de funcionalidade. Quanto mais intensivo, repetitivo e direcionado for o treino, melhores os resultados. 1
  • Técnicas compensatórias, que ajudam a contornar limitações e permitem ao paciente realizar atividades com mais autonomia. 1
  • Métodos como Bobath, que melhoram o controle motor, equilíbrio e qualidade dos movimentos, além de reduzir padrões motores anormais. 3

Estudos brasileiros também reforçam que os terapeutas ocupacionais dão atenção especial ao desempenho ocupacional. O foco está nas habilidades que a pessoa precisa para participar da vida com mais autonomia, desde o autocuidado até o retorno ao convívio social. 2, 3

Recursos e abordagens utilizadas na terapia ocupacional pós-AVC 1, 2

Para potencializar os resultados, os terapeutas ocupacionais utilizam uma variedade de recursos. Esses instrumentos tornam o processo de reabilitação mais eficiente, motivador e adaptado às necessidades individuais.

Terapia ocupacional e AVC

Alguns dispositivos de destaque: 1

  • Tecnologias assistivas como talheres adaptados, auxiliares para vestir-se e dispositivos eletrônicos ajudam a manter a independência. 1
  • Talas, órteses e dispositivos de mobilidade são amplamente utilizados para facilitar o desempenho físico nas atividades. 1
  • Jogos eletrônicos como o Nintendo Wii® e terapias com realidade virtual contribuem para o engajamento e prática repetitiva, tornando o tratamento mais dinâmico. 1

Além dos recursos técnicos, a educação dos familiares é um pilar fundamental. Os terapeutas promovem:

  • Grupos de apoio e rodas de conversa para familiares e cuidadores. 1
  • Reuniões educativas para explicar o processo de reabilitação. 1
  • Distribuição de manuais com orientações práticas para o dia a dia. 1

Essas abordagens também consideram as atividades que o paciente mais valoriza. Isso gera maior engajamento, satisfação com o tratamento e melhores resultados na recuperação.2

Evidências científicas dos benefícios da terapia ocupacional 2, 3

Diversas pesquisas mostram que a terapia ocupacional melhora a autonomia, a funcionalidade e a qualidade de vida de pessoas após um AVC. Esses benefícios vão além do aspecto físico e incluem também dimensões emocionais e sociais. 2

Terapia ocupacional e AVC

Segundo revisão bibliográfica nacional, os terapeutas ocupacionais ajudam a melhorar o desempenho ocupacional, a capacidade funcional e a independência de seus pacientes. Eles também apoiam familiares e cuidadores, contribuindo para um cuidado mais humano e centrado na pessoa. 2

Os estudos destacam ainda:

  • A importância do apoio à saúde mental, por meio de grupos terapêuticos e espaços de escuta. 2
  • A necessidade de abordar temas como espiritualidade e sexualidade, que são impactados após o AVC, mas pouco discutidos. 2
  • A relevância do cuidado centrado no cliente, que considera os desejos e necessidades individuais. 2

Essas evidências reforçam que a atuação do terapeuta ocupacional vai além da reabilitação física. Ela contribui para que a pessoa retome seu lugar no mundo com dignidade e propósito. 3

Lacunas e desafios encontrados na prática clínica 1, 2

Apesar dos avanços, ainda existem importantes lacunas na atuação clínica da terapia ocupacional pós-AVC. Áreas como saúde mental, espiritualidade, sexualidade e retorno ao trabalho seguem pouco exploradas na literatura e na prática clínica. 1, 2

Essas dimensões têm impacto direto na qualidade de vida, mas ainda não recebem atenção suficiente durante a reabilitação. Além disso, barreiras como o acesso limitado aos serviços, falta de conhecimento sobre o papel do terapeuta ocupacional e escassez de recursos dificultam a reintegração social. 1, 2

No Brasil, também há pouca produção científica que trate das demandas psicossociais no pós-AVC. Os estudos apontam a necessidade de ampliar o olhar sobre o sujeito, considerando sua história de vida, desejos e inserção plena na sociedade. 1, 2

Por que valorizar a terapia ocupacional? 3

A terapia ocupacional transforma vidas. Ao promover a independência, a autonomia e a reinserção social, esse campo mostra-se essencial no cuidado pós-AVC. 3

É necessário ampliar o reconhecimento dessa profissão, investir em pesquisas e implementar políticas públicas que valorizem sua atuação. Os terapeutas ocupacionais olham para além das limitações físicas, apoiando o paciente em suas subjetividades, na busca por sentido e qualidade de vida. 3

Valorizar a terapia ocupacional é valorizar o direito de cada pessoa a viver com dignidade, mesmo após um grande desafio como o AVC. 3


Referências

1- National Center for Biotechnology Information (NCBI). Supplemental Methods for NG236 Study. 2023. Link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK606183/bin/supp_NG236_Methods_20231018.pdf. Acesso em Jul. 2025.

2- Cuadernos de Educación. Artículo sobre intervenções terapêuticas em reabilitação pós-AVC. 2023. Link: https://ojs.cuadernoseducacion.com/ojs/index.php/ced/article/view/3912/3087. Acesso em Jul. 2025.

3- Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). As possíveis contribuições da Terapia Ocupacional junto a pessoas pós-AVC. 2022. Link: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/28466/As%20poss%C3%ADveis%20contribui%C3%A7%C3%B5es%20da%20Terapia%20Ocupacional%20junto%20a%20pessoas%20p%C3%B3s%20acidente%20vascular%20cerebral.pdf. Acesso em Jul. 2025.


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