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Campanhas como o Novembro Azul podem salvar vidas ao alertar para riscos pouco conhecidos, como a ligação entre próstata e AVC
O Novembro Azul é uma campanha voltada à saúde das pessoas com próstatas, tanto homens cisgêneros como mulheres trans, com foco principal na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. Durante o mês de novembro, diversas instituições reforçam a importância de exames regulares e do autocuidado. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a mobilização visa justamente quebrar tabus e incentivar as pessoas a procurarem atendimento médico antes que os sintomas apareçam. 5
O que poucos sabem é que o câncer de próstata não afeta apenas o sistema urinário e reprodutor. Estudos apontam que tanto a doença quanto os tratamentos hormonais utilizados podem aumentar o risco de complicações cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC). Essa conexão reforça o quanto é essencial enxergar a saúde de forma integrada, considerando riscos que vão além da próstata em si. 5
O câncer de próstata é um tumor maligno que se desenvolve na próstata, uma glândula localizada abaixo da bexiga e responsável por parte da produção do sêmen. É uma doença silenciosa, que em muitos casos não apresenta sintomas nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. 5

De acordo com o INCA, esse tipo de câncer é o segundo mais frequente entre os homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em 2023, estimaram-se mais de 70 mil novos casos no país. Isso representa cerca de 29% de todos os diagnósticos de câncer em homens. A alta incidência reforça a necessidade de campanhas educativas e exames preventivos regulares. 5
Quando aparecem, os sintomas mais comuns incluem:
Por serem sintomas que podem aparecer apenas em estágios avançados, a detecção precoce se torna ainda mais crucial. 5
O tratamento do câncer de próstata pode incluir cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e medicamentos como inibidores de receptores androgênicos. A escolha depende da fase da doença e do perfil do paciente. 4
Entre os medicamentos usados, destacam-se a enzalutamida e a abiraterona. Ambas são terapias hormonais que interferem na produção ou na ação dos hormônios masculinos, como a testosterona. Embora eficazes no controle do câncer, esses tratamentos apresentam potenciais riscos cardiovasculares. 4
Segundo um estudo retrospectivo citado na literatura médica, o uso da enzalutamida mostrou riscos menores de infarto, AVC e morte por todas as causas em comparação com a abiraterona. A abiraterona reduz a produção de andrógenos, mas também diminui os níveis de cortisol. Isso leva a um aumento da aldosterona, que pode causar desequilíbrios como hipocalemia, predispondo a arritmias e insuficiência cardíaca. 4
Portanto, embora o tratamento seja essencial, seus efeitos sobre o sistema cardiovascular exigem atenção constante por parte da equipe médica. 4
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre quando há uma interrupção ou rompimento no fluxo sanguíneo cerebral. Pode ser de dois tipos: o AVC isquêmico, causado por obstrução arterial, e o hemorrágico, causado por sangramento no cérebro. O AVC isquêmico é o mais comum, representando de 75% a 85% dos casos. 1
Diversos fatores aumentam o risco de AVC, especialmente os que podem ser controlados com mudanças no estilo de vida. São eles:
Pacientes oncológicos, como os que tratam câncer de próstata, têm risco cardiovascular aumentado. Isso pode ocorrer devido à idade, comorbidades e aos efeitos colaterais dos tratamentos. 1
Estudos mostram que homens com câncer de próstata tratados com terapia de privação androgênica (ADT) apresentam risco significativamente maior de sofrer AVC. Uma análise que reuniu dados de 12 estudos indicou que essa forma de tratamento aumenta em 25% o risco de AVC em comparação com pacientes que não passaram por esse tipo de terapia. 2

A explicação está na função protetora da testosterona sobre o sistema cardiovascular. Quando os níveis desse hormônio caem, há aumento da gordura abdominal, resistência à insulina e inflamação sistêmica. Esses fatores, combinados, favorecem doenças cardiovasculares, incluindo o AVC. 2
Além disso, pacientes idosos com câncer de próstata costumam ter outras doenças, como hipertensão e diabetes. O uso de medicamentos hormonais como abiraterona e enzalutamida pode piorar esse quadro, elevando o risco de insuficiência cardíaca e hipertensão. 3
Portanto, o risco de AVC nesse grupo é resultado de uma combinação entre o envelhecimento, o próprio câncer e os efeitos dos tratamentos. 2, 3
Estudos comparativos revelam diferenças importantes entre os medicamentos usados no tratamento hormonal do câncer de próstata. A abiraterona, por exemplo, mostrou um risco 47% maior de eventos cardiovasculares em geral, especialmente hipertensão e insuficiência cardíaca. 3
Isso ocorre porque a abiraterona interfere na produção de hormônios, aumentando os níveis de mineralocorticoides. Essa alteração causa retenção de líquidos e sobrecarga no coração, o que pode levar a quadros de insuficiência cardíaca. 3
Por outro lado, a enzalutamida também apresenta riscos cardiovasculares, mas em menor escala. Esse medicamento age bloqueando a ação dos hormônios masculinos diretamente nos receptores celulares, sem alterar os níveis hormonais do sangue, o que resulta em menos efeitos colaterais cardíacos. 3
A escolha entre esses medicamentos deve considerar o perfil cardíaco do paciente. A avaliação prévia e o acompanhamento contínuo por uma equipe multidisciplinar ajudam a reduzir riscos e garantir um tratamento mais seguro. 3
Pessoas em tratamento para câncer de próstata devem adotar medidas de prevenção cardiovascular desde o início. Algumas recomendações importantes incluem: 1
O monitoramento contínuo da saúde cardiovascular e o envolvimento de uma equipe médica especializada são estratégias fundamentais para reduzir o risco de AVC durante o tratamento. 1, 4
A campanha Novembro Azul reforça que o diagnóstico precoce salva vidas. No caso do câncer de próstata, identificar a doença no início aumenta consideravelmente as chances de cura. Isso também se aplica às possíveis complicações associadas, como o AVC. 5
Os exames recomendados para homens cisgêneros e mulheres trans a partir de 50 anos incluem o toque retal e a dosagem do PSA (antígeno prostático específico). Pessoas com histórico familiar da doença devem começar esse acompanhamento aos 45 anos. 5
O cuidado contínuo e o acesso a exames são a melhor forma de proteger a saúde masculina como um todo. 5
O câncer de próstata não é um problema isolado. Ele se conecta a outros aspectos da saúde, incluindo o risco de doenças cardiovasculares. Ao buscar diagnóstico precoce e seguir o tratamento adequado com acompanhamento multidisciplinar, a pessoa também protege seu coração. 1, 3, 5
Neste Novembro Azul, compartilhe essa informação e incentive quem você ama a cuidar da saúde de forma completa.
1- Ministério da Saúde / Conitec. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas — Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo. 2022. Link: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2023/rr_pcdt-avci-agudo_722_final.pdf. Acesso em Out. 2025.
2- Sociedade Brasileira de Cardiologia / ABC. 2020. Link: https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/1678-4170-abc-115-05-1006/1678-4170-abc-115-05-1006.x66747.pdf. Acesso em Out. 2025.
3- AHA Journals / Stroke. [Artigo da revista Stroke]. (Ano a confirmar no pdf). Link: https://www.ahajournals.org/doi/epdf/10.1161/STR.0000000000000375. Acesso em Out. 2025.
4- Nature. Major adverse cardiovascular events of enzalutamide versus abiraterone in prostate cancer: a retrospective cohort study. 2023. Link: https://www.nature.com/articles/s41391-023-00757-0. Acesso em Out. 2025.
5- Ministério da Economia / DNOCS. Novembro Azul: Mês de Conscientização sobre o Câncer de Próstata. (data da matéria é 2023 ou ano conforme site). Link: https://www.gov.br/dnocs/pt-br/assuntos/noticias/novembro-azul-mes-de-conscientizacao-sobre-o-cancer-de-prostata. Acesso em Out. 2025.
Out/25 | ALLSC-BR-000750 – Material destinado a fins educacionais
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