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O impacto da espasticidade na comunicação e na deglutição

Muito comum em pacientes que tiveram Acidente Vascular Cerebral (AVC), a espasticidade é um problema que aparece quando há lesões nas áreas do cérebro que controlam os movimentos. Ela deixa os músculos mais duros e tensos, principalmente quando tentamos alongá-los. 1

Segundo o Ministério da Saúde, isso acontece porque os sinais que chegam aos neurônios motores mudam, assim como os reflexos e a forma como essas células funcionam. Quando não tratada, a espasticidade pode provocar contrações contínuas, postura anormal e encurtamento muscular. 1

Vale destacar que esse quadro não afeta apenas os movimentos. Também pode prejudicar a fala e a capacidade de engolir, comprometendo a saúde e a rotina da pessoa. Por isso, identificar e tratar cedo é fundamental. 1

Entendendo a espasticidade 1

Para entender melhor, vale sabermos que a espasticidade pode ser:

  • Focal – atinge apenas um grupo de músculos. 1
  • Segmentar – afeta músculos próximos em um ou mais membros. 1
  • Generalizada – envolve mais de dois membros. 1

As causas mais comuns são o AVC, esclerose múltipla e paralisia cerebral. Lesões no cérebro ou na medula, por trauma ou falta de oxigênio, também podem causar o problema. 1

Os músculos mais afetados são os flexores dos braços e mãos, e os extensores das pernas. Os sintomas vão além da rigidez, podendo ocasionar dor, espasmos, contraturas, dificuldade para dormir, queda da autoestima e feridas na pele. 1

Tudo isso pode dificultar tarefas simples, reduzir a participação social e prejudicar a qualidade de vida. 1

Relação entre espasticidade e deglutição 3,4

A dificuldade para engolir (disfagia) é muito comum em quem tem doenças neurológicas e espasticidade. As lesões no cérebro que afetam os músculos dos braços e pernas também atingem os músculos usados para engolir. 3

Espasticidade, deglutição e comunicação

Quando língua, faringe e laringe não se movem de forma coordenada, a comida ou o líquido podem ir para as vias respiratórias. Isso pode causar tosse, engasgos e até pneumonia aspirativa, que é grave e pode levar à morte. 4

Engolir mal também significa se alimentar e se hidratar pior, aumentando o risco de perda de peso, perda de massa muscular e desidratação. Se houver espasticidade no pescoço ou nos músculos que ajudam a respirar, o risco aumenta ainda mais. 3

Por isso, avaliar a deglutição é parte essencial do cuidado com quem tem espasticidade. 4

Espasticidade e comunicação 3,4

A fala também pode ser afetada quando a espasticidade atinge os músculos do rosto, da boca, da laringe e da respiração. 3

Espasticidade, deglutição e comunicação

O excesso de rigidez deixa a articulação das palavras menos clara, causando disartria. O controle da respiração, importante para manter a voz, também fica prejudicado. Isso pode gerar fala fraca, pausada ou com volume irregular. 3

Além disso, alterações nos movimentos da língua e dos lábios afetam a entonação e tornam mais difícil para os outros entenderem. Esses problemas podem levar ao isolamento e até a quadros de ansiedade ou depressão. 4

A terapia fonoaudiológica, junto com exercícios respiratórios e técnicas para melhorar a clareza da fala, é essencial nesses casos. 3,4

O ciclo patológico das comorbidades 4

A espasticidade pode vir acompanhada de disfagia, excesso de saliva, refluxo e problemas respiratórios. Essas condições se agravam umas às outras. 4

Se engolir é difícil, o risco ao aspirar aumenta. Isso pode causar infecções pulmonares, que pioram ainda mais a respiração e a capacidade de engolir. 4

Com o tempo, a pessoa se alimenta pior, perde peso, desidrata e precisa de mais internações. Se esse ciclo não for interrompido, a saúde e a qualidade de vida caem de forma acentuada. 4

Diagnóstico e avaliação clínica 1, 3

O diagnóstico deve ser feito por uma equipe com médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. 3

Para medir a intensidade da espasticidade, existem escalas como Ashworth modificada e Tardieu. Elas mostram o grau de rigidez, mas precisam ser complementadas com exames como videofluoroscopia, endoscopia da deglutição e eletromiografia. 3

Segundo o Ministério da Saúde, a escala de Ashworth modificada é prática e muito usada, mas não deve ser a única base para decidir o tratamento. É preciso avaliar também como a espasticidade afeta o dia a dia da pessoa. 1

Estratégias de tratamento 1,3,4

Tratamento não medicamentoso

O cuidado inclui fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Alongamentos, exercícios para ampliar movimentos e fortalecimento muscular ajudam muito. 3

Outras opções importantes são:

  • Estimulação elétrica funcional para ativar músculos específicos. 1,3
  • Órteses e talas para prevenir contraturas e melhorar postura e função. 1,4

O tratamento deve ser personalizado e contínuo para manter os avanços. 1,3,4

Tratamento medicamentoso

Existem medicamentos específicos, disponíveis no SUS, que podem reduzir a rigidez. Alguns deles são indicados para casos focais ou segmentares, pois podem melhorar a função, reduzir dor e evitar deformidades. 1

Intervenções para disfagia

Existem exercícios específicos indicados para engolir melhor, incluindo mudanças na postura ao comer e ajustes na consistência dos alimentos. Em alguns casos, técnicas de estimulação cerebral, como TMS e tDCS, podem ajudar no controle dos músculos da deglutição. 3

Impacto do manejo adequado 3,4

Quando o tratamento começa cedo e envolve várias áreas, é possível reduzir complicações como pneumonia, desnutrição e internações. 3

Programas que reúnem fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia ajudam a preservar movimentos, melhorar a comunicação e manter a independência. Isso também reduz a sobrecarga da família e previne deformidades permanentes. 4

Conclusão 1,3,4

A espasticidade não afeta só os movimentos. Ela pode prejudicar a fala e a deglutição, trazendo riscos sérios à saúde. Consulte sua equipe médica, incluindo fisioterapeuta e fonoaudiólogo. O cuidado precisa ser amplo, com foco na função, na segurança e na qualidade de vida. 1,3,4


Referências

1- Ministério da Saúde – CONITEC. Portaria Conjunta nº 5 – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Espasticidade. 2022. https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20220323_portal-portaria-conjunta-no-5-pcdt_espasticidade.pdf. Acesso em Ago. 2025.

2- Ministério da Saúde – CONITEC. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Resumido: Espasticidade. 2023. https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/resumidos/20230106_PCDT_Resumido_Espasticidade_final.pdf. Acesso em Ago. 2025.

3- Springer. The Impact of Dysphagia in Neurological Diseases: Current Evidence and Future Perspectives. 2022. https://link.springer.com/content/pdf/10.1007/s00455-022-10516-3.pdf. Acesso em Ago. 2025.

4- Scientific Literature. Dysphagia and Its Clinical Implications: A Review. 2022. https://www.scientificliterature.org/Otolaryngology/Otolaryngology-22-139.pdf. Acesso em Ago. 2025.


Ago/25 | ALLSC-BR-000665

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