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O AVC (acidente vascular cerebral), conhecido popularmente como derrame, acontece quando o sangue para de circular em alguma parte do cérebro, causando danos que podem ser permanentes ou até fatais. Já as hepatites virais são infecções que afetam o fígado e, dependendo do tipo, podem se tornar doenças crônicas. 1, 3, 4
Nos últimos anos, pesquisadores passaram a investigar se essas duas condições estão ligadas. A suspeita é que a inflamação provocada pelas hepatites possa prejudicar os vasos sanguíneos, aumentando o risco de uma pessoa ter um AVC. Entender esse possível elo entre as doenças é importante porque pode mudar a forma como acompanhamos quem tem hepatite, incluindo a prevenção de problemas no coração e no cérebro. 1, 3, 4
As hepatites virais são causadas por diferentes vírus que atacam o fígado. Os mais comuns são os tipos A, B e C. Mesmo que todos afetem o mesmo órgão, eles se comportam de maneiras diferentes. A hepatite A, por exemplo, é geralmente transmitida por alimentos ou água contaminados e costuma causar uma infecção passageira. 1
Já os tipos B e C são mais perigosos porque podem se tornar crônicos e causar danos mais sérios ao fígado. A transmissão acontece principalmente por relações sexuais sem proteção, pelo contato com sangue contaminado, ou da mãe para o bebê durante a gestação. 1
Entre 2010 e 2020, o Estado de São Paulo registrou quase 90 mil casos dessas hepatites. A maioria das pessoas infectadas eram homens (58,7%), com destaque para a faixa etária entre 40 e 59 anos.1
Em relação às formas de contágio, o contato sexual lidera, com quase 14% dos casos. Também há muitos casos ligados ao uso de drogas injetáveis, transfusões de sangue, tratamentos dentários ou cirúrgicos. Em mais da metade dos casos, a origem da infecção não pôde ser identificada.1
Esses dados mostram como é essencial entender bem cada tipo de hepatite e suas formas de transmissão, pois isso ajuda na prevenção e no tratamento adequado. 1
O AVC é uma emergência médica grave e uma das principais causas de morte no mundo. Ele acontece quando o sangue deixa de circular corretamente no cérebro, o que impede que as células nervosas recebam oxigênio e nutrientes. Isso pode causar paralisias, dificuldade para falar ou até levar à morte. 4
Existem dois tipos principais de AVC: o isquêmico, que é o mais comum, e o hemorrágico. O isquêmico ocorre quando um vaso sanguíneo do cérebro entope, impedindo a passagem do sangue. O hemorrágico é resultado do rompimento ou do vazamento de uma artéria no cérebro, provocando sangramento.4
Vários fatores aumentam as chances de uma pessoa ter um AVC. Os principais são: pressão alta, colesterol elevado, diabetes, fumar, ter batimentos cardíacos irregulares (como a fibrilação atrial), entre outros. Todos esses fatores podem ser controlados com mudanças de hábitos e tratamento médico.4
Como o AVC precisa ser tratado rapidamente, reconhecer seus sinais é essencial. O tratamento pode envolver medicamentos para desobstruir os vasos, cirurgias e monitoramento de pressão, glicose e respiração, sempre em ambiente hospitalar.4
Quando nosso corpo enfrenta infecções por muito tempo, como nas hepatites crônicas, ele entra em estado de inflamação constante. Essa inflamação pode atingir os vasos sanguíneos, danificando suas paredes e facilitando o acúmulo de gordura nelas. 3
Esse processo está ligado ao surgimento da aterosclerose — uma doença que causa o endurecimento e entupimento das artérias. Pessoas que fumam e têm infecções prolongadas apresentam maior risco de desenvolver esse tipo de problema nas artérias. 3
No caso das hepatites, os cientistas ainda estão tentando entender como isso acontece. Mas tudo indica que as substâncias inflamatórias liberadas pelo corpo durante a infecção têm papel importante nesse processo.3
Um grande estudo reuniu dados de mais de 830 mil pessoas de Taiwan, Inglaterra, Alemanha e Canadá para verificar se havia ligação entre hepatite B e AVC. Os resultados mostraram que pessoas com hepatite B tiveram 22% menos AVCs do que aquelas sem a infecção. Mas esse resultado apareceu apenas em estudos feitos ao longo do tempo, não em pesquisas de curto prazo.2
Os cientistas acreditam que isso pode estar relacionado às mudanças que a hepatite B provoca no corpo. Essa infecção pode levar à cirrose, que é quando o fígado fica com cicatrizes. Pessoas com cirrose tendem a ter níveis mais baixos de colesterol e triglicérides, o que pode reduzir o risco de problemas nas artérias.2
Além disso, a infecção pelo vírus B pode estimular a produção de certas substâncias que ajudam a proteger os vasos sanguíneos, como o fator de crescimento hepatocitário.2
Apesar desses dados, os pesquisadores lembram que ainda não é possível afirmar que o vírus B protege contra o AVC. São necessários mais estudos para entender se essa relação é real ou se há outros fatores envolvidos.2
No caso da hepatite C, os estudos indicam o contrário da hepatite B: essa infecção pode aumentar o risco de AVC. Muitos desses casos estão ligados a uma condição chamada crioglobulinemia mista, comum em quem tem hepatite C. Essa condição causa inflamações nos vasos sanguíneos, o que pode atrapalhar a circulação do sangue no cérebro.3
Alguns relatos médicos apresentaram pessoas com hepatite C que tiveram AVCs por conta dessas inflamações. Em um dos casos, uma paciente com o vírus da hepatite C apresentava o estreitamento de artérias importantes do cérebro. Outro paciente tinha anticorpos que favoreciam a formação de coágulos. Depois que foi tratado com interferon, ele não teve mais AVCs.3
Um estudo com mais de 23 mil participantes reforçou esses achados. Ele mostrou que pessoas com hepatite C têm até três vezes mais risco de morrer por AVC do que aquelas que não têm a infecção. Quanto maior o nível do vírus no sangue, maior o risco.3
O fígado produz enzimas que ajudam a entender como está sua saúde. Algumas delas, como GGT (gamma-glutamil transferase) e ALP (fosfatase alcalina), têm sido associadas a um risco maior de AVC. Um estudo recente mostrou que pessoas com níveis altos dessas enzimas tinham até 60% mais chance de sofrer um AVC isquêmico.4
Alguns achados importantes:
Essas enzimas podem ser usadas no futuro como indicadores de risco cardiovascular, mas os cientistas ainda precisam de mais estudos para confirmar isso.4
Pessoas com hepatite, principalmente a do tipo C, muitas vezes têm outras condições de saúde que também aumentam o risco de AVC. Isso inclui pressão alta, infecção pelo HIV, consumo excessivo de álcool e cigarro. 3
Um estudo feito com pessoas em diálise — um tratamento para quem tem problemas nos rins — mostrou que os infectados por hepatite C eram, em sua maioria, homens jovens que fumavam, bebiam e tinham outras doenças. Isso complica a análise, porque pode ser que o risco de AVC esteja mais ligado a esses fatores do que à hepatite em si.3
Entender a ligação entre hepatites e AVC ajuda a melhorar a forma como cuidamos da saúde da população. Uma das ações mais importantes é aumentar a vacinação contra hepatite B, que ainda não cobre toda a população. 1
Além disso, pessoas com hepatite crônica devem fazer exames regulares para avaliar a saúde do coração e dos vasos. Isso permite agir antes que surjam problemas mais graves. Integrar o cuidado de infecções com a prevenção de doenças crônicas pode salvar vidas e reduzir os custos para o sistema de saúde.1
Os estudos mostram que existe, sim, uma ligação entre as hepatites virais e o risco de AVC. No entanto, essa relação varia conforme o tipo de vírus. A hepatite B pode até estar ligada a um risco menor de AVC, enquanto a hepatite C parece aumentar esse risco. 1, 2, 3, 4
Mesmo assim, muitos outros fatores influenciam essa relação, como outras doenças, estilo de vida e condições sociais. Por isso, ainda precisamos de mais pesquisas para entender melhor o que está por trás desses números. Mas uma coisa já é certa: integrar os cuidados com o fígado e o coração é uma estratégia inteligente e necessária para a saúde pública.1, 2, 3, 4
1- ScienceDirect. Analisar o perfil epidemiológico das HV no estado do Rio de Janeiro: um estudo descritivo de base populacional. 2024. Link: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867024003210. Acesso em Mai. 2025.
2- ResearchGate. Hepatitis B virus infection and decreased risk of stroke: a meta-analysis. 2017. Link: https://www.researchgate.net/publication/318739446_Hepatitis_B_virus_infection_and_decreased_risk_of_stroke_a_meta-analysis/fulltext/597b15cc4585151e35c0074b/Hepatitis-B-virus-infection-and-decreased-risk-of-stroke-a-meta-analysis.pdf. Acesso em Mai. 2025.
3- eCommons – Aga Khan University. Association of Hepatitis B infection with stroke: a case control study. 2023. Link: https://ecommons.aku.edu/pjns/vol18/iss2/6/. Acesso em Mai. 2025.
4- PubMed. Association between risk of ischemic stroke and liver enzymes levels: a systematic review and meta-analysis. 2024. Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39806288/. Acesso em Mai. 2025.
Jul/25 | ALLSC-BR-000576
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