Blog / O impacto do AVC no coração e como prevenir complicações

O impacto do AVC no coração e como prevenir complicações

A conexão entre o cérebro e o coração vai muito além da metáfora. Após um acidente vascular cerebral (AVC), o corpo pode sofrer impactos que afetam diretamente o funcionamento do coração. Essa relação pode levar a problemas cardíacos sérios, mesmo em pessoas sem histórico de doença cardíaca. 2

É por isso que falar sobre o impacto do AVC no coração se tornou essencial. Entender essa ligação ajuda a prevenir novos eventos e a reduzir riscos que surgem logo após o AVC ou ao longo da recuperação. Conforme as diretrizes assistenciais do Ministério da Saúde, iniciar o acompanhamento com uma equipe de reabilitação desde a internação contribui para evitar complicações e permite uma alta hospitalar mais segura. 1

Como o AVC afeta o coração? 4

O AVC pode desencadear alterações cardíacas importantes, mesmo em pessoas que nunca tiveram problemas no coração. Isso acontece por um conjunto de reações chamado stroke-heart syndrome. Nesse processo, o AVC afeta o sistema nervoso autônomo, provocando desequilíbrios que prejudicam diretamente o funcionamento do coração. 4

Coração e AVC

Esses efeitos incluem uma tempestade de catecolaminas (neurotransmissores e hormônios circulantes, controladoras do sistema nervoso central), inflamações generalizadas no organismo e alterações intestinais que afetam o coração. Essas respostas podem causar arritmias, insuficiência cardíaca e isquemia do miocárdio, ou seja, falta de sangue em partes do coração. 4

O mais preocupante é que entre um terço e metade das pessoas que sofrem AVC isquêmico desenvolvem algum tipo de anormalidade cardíaca grave. Isso pode ocorrer mesmo sem um histórico prévio de doença cardíaca. Por isso, o monitoramento do coração deve fazer parte do cuidado integral desde os primeiros dias após o evento. 4

Fatores de risco cardiovascular após o AVC 1, 3, 4

Após um AVC, alguns fatores podem aumentar o risco de novas complicações cardíacas e cerebrais. Muitos deles são silenciosos, e só aparecem se forem investigados com exames específicos. Confira alguns desses fatores:

  • A hipertensão arterial continua sendo o principal fator de risco. Ela pode levar à formação de coágulos, ao desgaste dos vasos sanguíneos e ao aumento da chance de fibrilação atrial, que eleva o risco de novos AVCs em até 17 vezes. 3
  • O diabetes e as dislipidemias (colesterol e triglicérides alterados) também precisam de controle rigoroso, com exames e metas definidas para evitar novas lesões vasculares. 1
  • A fibrilação atrial, especialmente se for valvar, representa um risco grave de AVC e precisa ser identificada mesmo quando não apresenta sintomas. Já a insuficiência cardíaca pode levar à formação de coágulos e à oclusão de vasos, aumentando o risco de morte. 3
  • Diretrizes clínicas recomendam exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e ultrassom das carótidas. Também é essencial rastrear diabetes e alterações lipídicas como parte do plano de tratamento. 1

Esses fatores de risco são frequentemente compartilhados entre o AVC e doenças do coração, o que exige atenção constante após o evento. 3

A fibrilação atrial como elo crítico entre cérebro e coração 4

A fibrilação atrial é uma arritmia que pode passar despercebida, especialmente quando é intermitente. Após um AVC, essa condição se torna ainda mais relevante, pois pode levar a novos eventos tromboembólicos se não for tratada a tempo. 4

De acordo com estudos citados no Journal of Neurology, o eletrocardiograma simples pode não detectar a fibrilação atrial silenciosa. Por isso, recomenda-se estender o monitoramento cardíaco por mais tempo. Isso permite avaliar a carga da arritmia e iniciar o uso de anticoagulantes com segurança, evitando novos AVCs ou infartos. 4

Mais de 70% das arritmias surgem nas primeiras 24 horas após o AVC. Com o uso de monitores prolongados, é possível detectar casos que passariam despercebidos em exames rápidos, garantindo uma intervenção mais eficaz. 4

Estratégias para detecção precoce de complicações cardíacas 4

A detecção precoce de problemas cardíacos após um AVC pode salvar vidas. Para isso, algumas ferramentas vêm sendo utilizadas com bons resultados:

  • Exames com modelos de pontuação (como PANSCAN, C2HEST e STAF) avaliam idade, histórico clínico, exames e outros fatores. Esses escores ajudam os profissionais a preverem com precisão quais pacientes correm maior risco cardiovascular. 4
  • A inteligência artificial e o machine learning também entraram em cena. Um estudo recente mostrou que, com dados de milhares de pacientes, algoritmos conseguem prever AVCs recorrentes, infartos e insuficiência cardíaca com mais de 85% de acerto. 4
  • As diretrizes europeias recomendam que todos os pacientes com risco de fibrilação atrial façam monitoramento contínuo do ritmo cardíaco por pelo menos 72 horas após o AVC. 4

Investir em avaliação precoce e personalizada faz toda a diferença no cuidado pós-AVC. 4

Intervenções no estilo de vida para reduzir riscos 4

Mudanças simples no dia a dia fazem uma grande diferença na prevenção de novos eventos após o AVC.

  • Adotar uma dieta mediterrânea, rica em vegetais, azeite, grãos e peixes, ajuda mais na prevenção do que dietas com baixo teor de gordura. 4
  • Reduzir o sal e eliminar o consumo de gorduras saturadas também contribuem para controlar a pressão arterial e o colesterol. 4
  • Praticar atividade física regular melhora o funcionamento do coração, regula a pressão, reduz a inflamação e diminui o estresse oxidativo, todos fatores relacionados à prevenção do AVC e do infarto. 4
  • Parar de fumar tem impacto direto na saúde dos vasos e do coração, reduzindo o risco de complicações futuras. 4

Essas intervenções ajudam tanto na recuperação quanto na qualidade de vida a longo prazo. 4

Tratamento farmacológico e controle clínico 3, 4

Após o AVC, o controle clínico exige cuidado constante e medicações específicas. Alguns desses grupos de medicamentos podem ser:

  • Estatinas reduzem o colesterol LDL e diminuem o risco de infarto, mesmo sem histórico de doença cardíaca. 4
  • Anticoagulantes previnem a formação de coágulos, especialmente em pacientes com fibrilação atrial. 4
  • Antiplaquetários evitam a obstrução dos vasos e são parte essencial da prevenção secundária. 3
  • Alguns medicamentos são usados para controlar a pressão arterial durante a fase aguda do AVC. 3
  • Após estabilização, as diretrizes indicam manter a pressão arterial abaixo de 130/80 mmHg. 4

O ajuste individualizado do tratamento farmacológico é fundamental para equilibrar a prevenção e evitar riscos 3, 4.

O papel da equipe multidisciplinar na prevenção de complicações 4

Prevenir complicações após o AVC exige mais do que remédios. Envolve uma atuação conjunta de diferentes profissionais da saúde.

  • Neurologistas, cardiologistas, enfermeiros e fisioterapeutas atuam em conjunto para oferecer um plano de cuidado mais eficaz e adaptado a cada caso. 4
    • A telemedicina amplia o acesso à reabilitação, ao monitoramento e às consultas, facilitando o cuidado mesmo à distância. 4
    • A educação de pacientes e familiares é essencial para o uso correto dos medicamentos, adoção de hábitos saudáveis e reconhecimento precoce de sinais de alerta. 4

Essa abordagem integrada melhora a adesão ao tratamento e reduz riscos de novas complicações. 4

Prevenir para viver melhor 1, 4

A conexão entre AVC e coração é real, perigosa e exige atenção contínua. O cuidado não termina com a alta hospitalar. Pelo contrário, é nesse momento que a prevenção secundária se torna ainda mais importante. 4

Encaminhar o paciente para a Atenção Primária, orientar sobre o uso de ferramentas digitais e garantir o acompanhamento multidisciplinar são medidas essenciais para evitar complicações futuras. 1

O risco cardiovascular permanece alto após um AVC. Usar estratégias de prevenção bem definidas, baseadas em evidências e reforçadas com tecnologia, pode transformar o cuidado e aumentar a qualidade de vida dos pacientes 4.

 


Referências:

1 – Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Acidente Vascular Cerebral (AVC) Isquêmico no Adulto. 2023. Link: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2023/2023170-relatorio-pcdt-avc-isquemico.pdf. Acesso em Ago. 2025

2- Ministério da Saúde (Linhas de Cuidado). Acidente Vascular Cerebral (AVC) no adulto. 2022. Link: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/acidente-vascular-cerebral-(AVC)-no-adulto/. Acesso em Out. 2025

3 – American Heart Association. 2022. Link: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCRESAHA.121.318160. Acesso em Ago. 2025

4- Guo Yilei et al. Post‑Ischemic Stroke Cardiovascular Risk Prevention and Management. 2024. Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39057558/ . Acesso em Out. 2025.


Set/25 | ALLSC-BR-000703

FALE CONOSCO

Entre em contato conosco através deste formúlario

    Política de Privacidade

    Controlador de dados: Ipsen Pharma SAS (dataprivacy@ipsen.com). Suas informações pessoais serão processadas apenas para os fins legítimos da Ipsen, ou seja, ter uma interação melhor com você. Suas Informações Pessoais não serão vendidas, compartilhadas ou de outra forma distribuídas a terceiros sem o seu consentimento, exceto quando formos obrigados a fazê-lo devido a uma lei aplicável, ordem judicial ou regulamento governamental, ou se tal divulgação for necessária em apoio a qualquer investigação criminal ou outra legal ou processo aqui ou no estrangeiro. Você tem o direito de acesso, correção, exclusão, restrição e objeção ao uso de suas Informações Pessoais.​

    Receba nossas
    Atualizações
    periodicamente
    por e-mail

      Política de Privacidade